Apagão no Amapá

Protesto em Macapá: apagão afetou 90% da população do estado, de mais de 820 mil pessoas (Foto: Amazônia Real/Fotos Públicas)

Protesto em Macapá: apagão afetou 90% da população do estado, de mais de 820 mil pessoas (Foto: Amazônia Real/Fotos Públicas)

Durante uma tempestade na noite de 3 de novembro de 2020 ocorreu um incêndio em uma subestação de energia no estado do Amapá causando um apagão – a princípio causado por um raio -, deixando, a partir de então, cerca de 730 mil pessoas sem energia. De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), houve uma explosão em um transformador na cidade de Macapá (capital do estado), seguida de um incêndio. O incidente – de origem desconhecida – inutilizou o transformador 1 da unidade e danificou o mais próximo, ambos pertencentes à LMTE (Linhas de Macapá Transmissora de Energia). A subestação onde se passou o ocorrido possui três transformadores: dois responsáveis pelo fornecimento de energia e um que atua como reserva. O transformador 1 foi completamente perdido, o 2 foi avariado no incidente e o 3 estava inoperante e em manutenção há quase um ano. Dessa forma, às 20h47, 13 dos 16 municípios do estado ficaram imediatamente sem energia elétrica, passando a depender da usina hidrelétrica de Coaracy, que supre apenas 40kW da demanda média de 250MW de potência. O apagão implicou a suspensão de serviços de telefonia e internet, deixando os cidadãos praticamente sem comunicação. Também comprometeu o sistema hidráulico, o que provocou falta de água encanada, gelo e água mineral. O governo implementou um esquema de rodízio de energia, que ocorreu de 3 em 3 horas e de 4 em 4 horas. Devido a essa oscilação, os moradores passaram a sofrer com a perda de eletrodomésticos e a ter alimentos estragados por falta de refrigeração. O comércio passou a atender somente durante a luz do dia e toda a população foi submetida às condições térmicas da região, que chegam à sensação de até 40°C. Investigações preliminares apontam que a causa do sinistro não foi causada por descarga elétrica, uma vez que o sistema de proteção de descargas atmosféricas da estação estava intacto. Diante da pressão da justiça e da população, o governo estipulou algumas estratégias para solução do apagão:

1 – Recuperar o segundo transformador, que teve um dano na bucha de conexão com a rede. A máquina precisaria ter o óleo tratado e os aparelhos necessários para a operação seriam transportados pela Força Aérea Brasileira;

2 – Transportar um transformador de Laranjal do Jari até Macapá, percorrendo 270km e levando 15 dias para que fosse desmontado, levado e instalado;

3 – Transportar um transformador de Boa Vista, Roraima, até a Macapá, tendo um prazo de 30 dias para a operação.

Durante os primeiros dias ocorreram dois blecautes totais: um que durou por quatro dias após o acidente e outro no dia 17, que foi solucionado em 5 horas. Diversos fatos foram especulados, como a ineficiência da distribuidora, questões governamentais e burocráticas. No entanto, no dia 24 o MME anunciou o fim da crise energética, após 21 dias de instabilidade. Às 3h30 da terça-feira passou a funcionar o segundo transformador da subestação, garantindo a integridade do abastecimento para o estado. A geração passou a ser suprida por dois transformadores na unidade, pela usina hidrelétrica Coaracy Nunes e por um sistema de geração térmica instalada na mesma semana. A medida foi paliativa, uma vez que a falta de um transformador reserva permite risco de novos blecautes, e também há protestos de moradores sobre a instalação de geradores auxiliares, que foram alocados em área residencial e produzem um ruído de cerca de 80 decibéis. Ademais, medidas estão sendo tomadas para indenizar a população acerca de suas percas materiais e danos psicológicos causados pela situação a que foi exposta.

Estações distribuidoras de energia

Uma ETD – Estação Distribuidora de Energia ou SE – Subestação de Energia são unidades que possuem um maquinário de proteção e manobra, além de transformadores que elevam ou rebaixam a tensão para a transmissão de energia elétrica. Os equipamentos são capazes de detectar diferentes tipos de falhas no sistema elétrico de potência e isolá-las para evitar um apagão como este. As estações são responsáveis pela distribuição de energia. Sua função é rebaixar a tensão advinda das usinas geradoras para níveis mais baixos (na faixa de 5kV até 35kV, dependendo da unidade) e repassá-la para os grandes centros consumidores. Também são encarregadas de otimizar a transmissão, minimizando as perdas energéticas durante o processo.

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